DETECTCoV-19 divulga boletim com agravante do não uso de medidas protetivas para contenção da covid-19 no Amazonas
O Projeto DETECTCoV-19 apresenta boletim que destaca resultado de pesquisa que coloca a população amazonense vulnerável ao covid-19, consequência desta não adotar medidas protetivas como isolamento social e uso de máscara. O boletim contém os principais resultados obtidos na 1ᵃ e 2ᵃ coleta de estudo longitudinal de um pouco mais de 3 mil indivíduos entre homens e mulheres na cidade de Manaus.
Iniciado em 19 de agosto de 2020, o projeto de pesquisa denominado "Epidemiologia de SARS-VoV-2 no Amazonas (DEDECTCoV-19)", objetiva estimar a distribuição e perfil de casos de COVID-19 na população do Amazonas, entre mulheres e homens com idade maior ou igual a 18 anos, residentes nas quatro zonas da cidade.
Os professores Jaila Dias Borges Lalwani, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Amazonas (FCF/Ufam), e Pritesh Lalwani,do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD-Fiocruz Amazônia), coordenadores do projeto, apontam para o fato de que a transmissão de SARS-CoV-2 em Manaus ocorreu de modo intenso no período entre a 1ᵃ e 2ᵃ coleta e que os novos casos de covid-19 foram associados a não implementação de Intervenções Não Farmacológicas (INF’s), como distanciamento social e o uso de máscara.
Para os pesquisadores, as INF’s ainda são uma das principais medidas de combate ao vírus da covid-19, que permite diminuir o risco de ser infectado pelo SARS-CoV-2, pois, medidas como essas são acessíveis à população que, uma vez não adotada com rigor, fica vulnerável. Conforme dados do boletim, a recomendação protetiva foi dada desde o início da pandemia, no entanto, não foi seguido com rigor. Na avaliação final, os pesquisadores concluíram que a comunicação com a comunidade não tem sido eficiente.
Para a professora Jaila Borges, medidas simples de prevenção poderiam ser adotadas. “Apesar de as pessoas terem ouvido falar com bastante intensidade sobre sua importância, acredito que temos grandes desafios a vencer, no que diz respeito a comunicação e a educação em saúde. As pessoas, apesar de saberem disso, muitas vezes não conseguem tomar uma decisão que possa fazer a escolha que de fato irá beneficiá-las. E se isso não acontece é porque nós ainda não conseguimos gerar essa consciência que envolve muitos contextos”, disse a pesquisadora que aponta como um caminho, o investimento em educação em saúde.
Outro fator que a pesquisadora aponta é o não isolamento domiciliar de uma pessoa com covid-19 que tem como agravante a infecção de membros da mesma família.
Desde quando se iniciou a pesquisa, conforme Jaila Borges, o estudo longitudinal se propôs a entender a dinâmica de distribuição do covid-19 e suas conseqüências na população. Na terceira fase, relata a professora, um percentual dessa população avaliada foi vacinada, e que a partir daí será possível observar a resposta a vacina, no segmento e acompanhamento das pessoas. Com o surgimento da nova variante P1, o estudo irá poder mostrar o retrato de impacto nesta população que está sendo acompanhada.
Por outro lado, a docente informa também que o estudo vai mais além disso, como o acompanhamento de pessoas que nunca se infectaram pelo novo coronavírus. “Nós temos um universo diverso, pois temos pessoas vacinadas que já tiveram covid-19 e as que nunca tiveram. A gente vai poder também observar se há diferença quanto a resposta a vacina, mediante dados sorológicos prévios”, disse.
A pesquisadora finaliza recomendando a continuidade dos cuidados necessários para evitar a contaminação. De acordo com ela, “o vírus continua circulando no nosso meio, independente se o indivíduo teve covid-19 ou tenha sido vacinado, deve continuar tomando os mesmo cuidados, as medidas não farmacológicas, pois, é a nossa principal arma e que está ao nosso alcance. Então, precisamos continuar usando máscara, priorizando o distanciamento social, com as mesmas regras de higiene, lavagem das mãos, é necessário esse esforço individual que coletivamente beneficiará a todos.”
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